Destaques

• Economia portuguesa com capacidade de financiamento de 1381 milhões de euros de janeiro a outubro de 2021;

• Portugal continua a importar mais bens do que exporta: défice da balança de bens aumentou 905 milhões de euros em relação a outubro do ano passado e 240 milhões de euros relativamente a outubro 2019;

• Exportações de viagens e turismo recuperaram em outubro de 2021, mas continuavam aquém dos valores observados em 2019.

Até outubro de 2021, a economia portuguesa registou um excedente externo de 1381 milhões de euros, mais 1044 milhões de euros do que em igual período do ano anterior.

Evolução do saldo acumulado das balanças corrente e de capital

Destaques do mês de outubro

Em outubro de 2021, o saldo da balança comercial (saldo da balança de bens e serviços) diminuiu 329 milhões de euros em relação ao mês homólogo, dado que a melhoria do excedente da balança de serviços não foi suficiente para compensar o agravamento do défice da balança de bens.

O défice da balança de bens aumentou 905 milhões de euros em relação a outubro do ano passado, para 1756 milhões de euros, refletindo um crescimento das exportações inferior ao das importações (4,3% e 18,5%, respetivamente). Apesar disso, tanto o valor das exportações como o das importações foram superiores aos registados antes da pandemia (2019).

Evolução mensal das exportações e importações de bens

As exportações e as importações de serviços aumentaram, respetivamente, 46,7% e 26,8% relativamente a outubro de 2020, embora se tenham mantido em níveis inferiores aos observados antes da pandemia (outubro de 2019).

Em particular, os crescimentos homólogos das exportações e das importações de viagens e turismo em, respetivamente,109,2% e 73,2% contribuíram para melhorar o saldo desta rubrica em 510 milhões de euros. No entanto, os valores das exportações e das importações de viagens e turismo registados em outubro de 2021 correspondiam a, apenas, 80,2% e 88,8% dos observados em outubro de 2019.

Evolução mensal da balança de serviços e viagens e turismo

O défice da balança de rendimento primário reduziu-se 214 milhões de euros em relação a outubro do ano passado, devido a um reforço dos subsídios recebidos da União Europeia. O pagamento, por parte de Portugal, de 197 milhões de euros para o orçamento da União Europeia (mais 47 milhões de euros do que em outubro de 2020) contribuiu para a redução homóloga do excedente da balança de rendimento secundário.

Destaques do saldo acumulado das balanças corrente e de capital

Até outubro de 2021, por comparação com igual período de 2020:

- O défice da balança de bens aumentou: tanto as exportações como as importações de bens aumentaram em relação ao período homólogo. Apesar do aumento do défice, as exportações cresceram mais do que as importações (19,1% e 18,5%, respetivamente);
- O recebimento de mais fundos europeus foi determinante para o aumento do excedente da balança de rendimento secundário;
- O recebimento, em julho de 2021, de cerca de 1100 milhões de euros do Fundo Europeu de Estabilidade Financeira, proveniente da devolução da margem financeira no âmbito do Programa de Assistência Económica e Financeira a Portugal, determinou que continuasse a existir um excedente da balança de capital.

Decomposição do saldo acumulado das balanças corrente e de capital

Destaques da balança financeira

Até outubro de 2021, os ativos financeiros que Portugal tem sobre o exterior, deduzidos das responsabilidades de Portugal perante o exterior (saldo da balança financeira), aumentaram 1932 milhões de euros. Para este aumento contribuíram:

- A diminuição de títulos de dívida pública de longo prazo detidos por entidades não residentes;
- O investimento dos bancos residentes em títulos de dívida pública de longo prazo emitidos por países da União Monetária;
- O investimento do setor financeiro não bancário e dos particulares em unidades de participação emitidas por fundos de investimento não residentes.

O aumento do saldo da balança financeira foi atenuado pelos seguintes fatores:

- O desinvestimento do Banco de Portugal e dos outros bancos em títulos de dívida emitidos por entidades da União Monetária;
- O aumento das responsabilidades das administrações públicas, devido ao empréstimo que estas obtiveram no âmbito do programa SURE em maio de 2021;
- A aquisição, por parte de entidades não residentes, de capital de empresas portuguesas do mesmo grupo.

Em outubro de 2021, destacaram-se as seguintes operações na balança financeira:

- O desinvestimento em dívida pública portuguesa, maioritariamente de longo prazo, por parte de entidades não residentes;
- O investimento dos bancos residentes em títulos de dívida pública emitidos por países da União Monetária;
- O investimento de entidades não residentes em títulos de dívida emitidos por empresas portuguesas.

Decomposição da variação acumulada de ativos líquidos sobre o exterior, por setor institucional

Próxima atualização: 19 de janeiro de 2022